Assembleia de Santa Catarina veta cotas raciais em universidades estaduais
Proibição abrange Udesc e outras instituições com verbas públicas
Foto: Marcelo Casal Jr A Assembleia Legislativa do Estado de Santa Catarina (Alesc) aprovou em dezembro de 2025 um projeto de lei que efetivamente proíbe a adoção de cotas raciais no acesso de estudantes e na contratação de funcionários por universidades estaduais.
A medida, que impacta diretamente instituições como a Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), busca restringir a reserva de vagas a critérios específicos, gerando controvérsia e debate no estado.
O projeto e seu alcance
O Projeto 753/2025, de autoria do deputado Alex Brasil (PL), não menciona as cotas raciais de forma expressa, mas as exclui das reservas de vagas autorizadas. De acordo com o texto, ficam permitidas apenas as reservas para pessoas com deficiência, as baseadas estritamente em critérios econômicos e aquelas destinadas a estudantes provenientes de instituições estaduais públicas de ensino médio.
A proibição se estende também a outras instituições de ensino que recebem recursos públicos no âmbito estadual. Para garantir o cumprimento da nova regra, o projeto estabelece uma multa de R$ 100 mil para editais que não a respeitarem, além de prever a abertura de procedimento administrativo disciplinar contra agentes públicos por ofensa ao princípio da legalidade.
Argumentos de autoria e oposição
Na justificativa da matéria, o deputado Alex Brasil argumentou que a adoção de cotas fundadas em outros critérios que não o econômico ou o de origem estudantil “suscita controvérsias jurídicas e pode colidir com os princípios da isonomia e da impessoalidade”. Em sua visão, o projeto de lei valoriza o mérito individual e beneficia quem realmente necessita de reservas de vaga, independentemente da cor ou raça.
A votação do projeto no plenário da Alesc ocorreu de forma simbólica. Sete parlamentares se manifestaram publicamente contra a proposta: Padre Pedro Baldissera (PT), Fabiano da Luz (PT), Neodi Saretta (PT), Marquito (Psol), Dr. Vicente Caropreso (PSDB), Paulinha (Podemos) e Rodrigo Minotto (PDT).
O deputado Fabiano da Luz (PT) criticou a proposta, afirmando que ela não promove justiça ou igualdade, mas sim um “apagamento”. Ele ressaltou que as cotas são instrumentos necessários para corrigir uma desigualdade histórica e profunda que ainda estrutura a sociedade brasileira e catarinense. O parlamentar ainda levantou dúvidas sobre a constitucionalidade da matéria, citando a possibilidade de anulação do projeto por via judicial.
Próximos passos e contexto nacional
O projeto aprovado segue agora para a sanção do governador Jorginho Mello, que é do Partido Liberal (PL), o mesmo partido do autor da proposta.
É importante notar que a proibição não afeta as instituições federais sediadas no estado, como a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde vigora a Lei de Cotas federal. No âmbito nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF) já se posicionou em 2012 pela constitucionalidade da política de cotas para negros e indígenas nas universidades, entendendo que a regra tem como objetivo superar distorções sociais históricas com base no direito à igualdade material.
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