O Tribunal de Contas do Estado de Santa Catarina (TCE), em comemoração aos seus 70 anos de história, realizou uma importante ação de sustentabilidade ao doar 70 mudas de árvores nativas da Mata Atlântica ameaçadas de extinção à Prefeitura de Joinville. O plantio das mudas foi efetuado na sexta-feira (12/12) pela equipe da Secretaria de Meio Ambiente, na Trilha Ecológica do Parque Zoobotânico, dentro da área de mata.

Escolha estratégica e espécies doadas

A escolha do Parque Zoobotânico para receber a doação foi estratégica, conforme destacou Fábio Jovita, secretário de Meio Ambiente de Joinville. "Escolhemos o Parque Zoobotânico por estar inserido na Área de Relevante Interesse Ecológico do Morro do Boa Vista, uma unidade de conservação que protege a Mata Atlântica. Essas novas árvores representam uma contribuição muito importante para o meio ambiente de Joinville, pois ajudam na manutenção da nossa biodiversidade e do nosso ecossistema florestal", afirmou o secretário.

As 70 mudas fazem parte do programa “Salvando árvores da extinção”, uma iniciativa conduzida pelo Instituto Hórus, de Florianópolis, em parceria com a Porto Morretes, Novo Fogo e Ekôa Park, de Morretes (PR). Para Joinville, o TCE destinou espécies como a canela-preta, a peroba, o jequitibá, o pau-óleo e o araçá-piranga-rugoso.

O valor das espécies nativas

A engenheira florestal Sílvia Ziller, fundadora do Instituto Hórus, explicou a importância da ação, citando o exemplo da canela-preta, que foi intensamente explorada no passado para fins madeireiros, na produção de assoalhos e móveis. "O nosso programa tem por objetivo repor essas espécies dentro de florestas onde elas praticamente não existem mais. Além da canela-preta, temos outras 54 espécies nessa mesma condição", detalhou a engenheira.

O plantio de árvores nativas ameaçadas de extinção traz uma nova esperança para as florestas, especialmente as litorâneas, que foram bastante exploradas e não conseguem mais atingir um estágio de maturidade. Segundo Sílvia, "Poder repor essas espécies na floresta é uma alegria imensa e, sem dúvida, vai contribuir para a resiliência contra a mudança climática. As florestas vão atingir um estágio melhor, suprir uma diversidade de fauna mais complexa, de aves e animais que precisam dessas espécies de floresta que podem chegar a 35 metros de altura".

De semente a monitoramento

O processo de reflorestamento é minucioso, iniciando-se com a coleta das sementes em áreas de floresta, passando pelo cultivo em viveiro, até que as mudas estejam prontas para serem transplantadas para o meio ambiente.

O trabalho começa com o mapeamento de matrizes, as árvores-mãe nas florestas. Biólogos e engenheiros florestais coletam as sementes diretamente das copas, buscando frutos de melhor qualidade para garantir maior possibilidade de desenvolvimento. Após a fase de viveiro, as mudas são plantadas e monitoradas.

"As plantas são registradas por meio de um aplicativo onde estão armazenadas informações sobre quem é a ‘árvore-mãe’ e sua localização na floresta. Também são registradas as coordenadas geográficas da muda plantada para que, futuramente, seja possível fazer uma avaliação de sobrevivência da planta. Em Joinville, as mudas poderão ser monitoradas pela própria equipe do Parque Zoobotânico", completou Sílvia Ziller.

Para a engenheira, a iniciativa é um legado: "Talvez a gente não veja essas novas florestas formadas, mas as futuras gerações vão ver e será um presente para elas".

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