Embaixador descarta operação para prender Carla Zambelli na Itália
Diplomata brasileiro esclarece que deputada não é alvo de busca ativa, mas pode ser detida em espaços públicos

O embaixador do Brasil na Itália, Alessandro Candeas, afirmou que não há qualquer operação em curso no país europeu para localizar e prender a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que se encontra na Itália após deixar o Brasil. A parlamentar, condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e falsidade ideológica, foi incluída na lista de difusão vermelha da Interpol a pedido do ministro Alexandre de Moraes. Apesar disso, Candeas esclareceu que a detenção de Zambelli só seria possível caso ela fosse encontrada em locais públicos, como parte de um procedimento padrão de cooperação internacional.
Zambelli anunciou, no início da semana, que deixou o Brasil rumo à Europa, onde possui cidadania italiana, alegando sofrer perseguição política. A deputada, que também enfrenta um novo inquérito por obstrução de Justiça, informou que pretende se apresentar às autoridades italianas para regularizar sua situação e evitar ser considerada foragida. “Vou declarar meus dados e buscar proteção contra essa perseguição”, disse à CNN Brasil, reforçando que não reconhece a legitimidade das decisões do STF.
A inclusão de Zambelli na lista da Interpol, segundo especialistas, aumenta a pressão para que ela regularize sua situação no país. A Constituição italiana permite a extradição de cidadãos em casos previstos por tratados internacionais, como o acordo de cooperação judiciária entre Brasil e Itália, firmado em 1989. Apesar da alegação da parlamentar de que seria “intocável” por sua cidadania, o deputado italiano Angelo Bonelli, líder do Movimento Europa Verde, destacou que tal status não a isenta de responder às leis. “É uma vergonha. Ninguém é intocável”, afirmou Bonelli, cobrando do governo italiano uma posição clara sobre o caso.
A Primeira Turma do STF rejeitou, na sexta-feira (6), por unanimidade, os recursos apresentados pela defesa de Zambelli, confirmando a condenação e determinando o início do cumprimento da pena, além da perda de seu mandato. A parlamentar, que já havia transferido o controle de suas redes sociais para a mãe, Rita Zambelli, também teve seus bens bloqueados e o salário suspenso pela Câmara dos Deputados, que confirmou sua licença de 127 dias para tratar de assuntos pessoais e de saúde.
O caso ganhou destaque após Zambelli afirmar que pretende atuar na Europa de forma semelhante ao deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que, nos Estados Unidos, tem feito críticas ao STF e buscado apoio de lideranças conservadoras. A movimentação da deputada reacendeu debates sobre a relação entre bolsonaristas e a Justiça brasileira, com especialistas apontando que sua saída do país pode intensificar o escrutínio do STF sobre outros investigados.
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