Defesa de Bolsonaro nega envolvimento com eventos de 8 de janeiro
Advogado alega falta de provas e questiona delação no julgamento do STF

No segundo dia de julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), em 3 de setembro de 2025, a defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro afirmou categoricamente que não existe nenhuma prova que o conecte à tentativa de golpe de 8 de janeiro. Segundo o advogado Celso Vilardi, Bolsonaro foi injustamente envolvido nas investigações conduzidas pela Polícia Federal. Ele argumentou que o ex-presidente não cometeu qualquer ato contra o Estado Democrático de Direito.
Sem Evidências Concretas
Vilardi destacou que a acusação se baseia principalmente em uma delação premiada e em uma minuta encontrada no celular de um colaborador da Justiça. Para ele, esses elementos são frágeis e insuficientes. “Achou-se uma minuta do Punhal Verde e Amarelo, uma planilha da Operação Luneta e, como todos sabemos, houve o trágico 8 de janeiro. Mas não há uma única prova que ligue o presidente a esses eventos”, declarou o advogado. Ele também questionou a credibilidade do delator, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, apontando contradições em seus depoimentos e defendendo a anulação da colaboração premiada.
Desafios da Defesa
Outro ponto levantado por Vilardi foi a dificuldade enfrentada pela defesa para analisar o vasto material do processo, que inclui 70 terabytes de dados. Ele revelou que, às vésperas do interrogatório, a equipe recebeu um e-mail da Polícia Federal informando sobre uma falha no arquivo do general Mário Fernandes, o que comprometeu o acesso a provas. “Não tivemos tempo suficiente nem acesso completo às evidências. São bilhões de documentos em uma instrução de menos de 15 dias”, lamentou.
Acusações da PGR
A Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciou Bolsonaro e outros 33 envolvidos em fevereiro de 2025, acusando-os de crimes como tentativa de golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e organização criminosa. No primeiro dia de julgamento, em 2 de setembro, o procurador-geral Paulo Gonet afirmou que testemunhos, documentos e registros comprovam a liderança de Bolsonaro em uma conspiração para permanecer no poder após a derrota nas eleições de 2022.
Fatos e Declarações
Gonet destacou episódios como a reunião ministerial de 5 de julho de 2021, em que Bolsonaro incentivou ataques ao sistema eletrônico de votação, e seu discurso de 7 de setembro do mesmo ano, na Avenida Paulista, onde ameaçou ministros do STF e do TSE, dizendo que só sairia “preso, morto ou com vitória”. Para o procurador, essas ações não foram isoladas, mas parte de um projeto autoritário coordenado para desestabilizar as instituições democráticas.
Combate à Impunidade
O procurador-geral reforçou a importância de punir os envolvidos para preservar a democracia. “Os fatos são inegáveis: planos apreendidos, diálogos documentados e bens públicos danificados. Não há como negar o que foi feito publicamente”, afirmou Gonet. Ele também destacou que as tentativas da defesa de minimizar a participação de cada acusado não apagam a gravidade dos acontecimentos.
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