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Joinville,16/06/2025

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MST questiona números de assentamentos do governo Lula; ministério rebate críticas

Movimento Sem Terra alega que dados divulgados não refletem a realidade

Fonte: redação360
MST questiona números de assentamentos do governo Lula; ministério rebate críticas Divulgação

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) intensificou as críticas ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), acusando o Ministério do Desenvolvimento Agrário, comandado por Paulo Teixeira, de inflar os números de novos assentamentos para a reforma agrária. Segundo lideranças do movimento, os dados apresentados pelo governo não correspondem à realidade vivida pelas famílias acampadas, gerando frustração e desconfiança. O ministério, por sua vez, nega as acusações e afirma que trabalha com transparência, destacando avanços no programa de distribuição de terras.

De acordo com o MST, o governo tem contabilizado como "assentamentos entregues" áreas que ainda não foram oficialmente desapropriadas pela Justiça. Jaime Amorim, da direção nacional do movimento, afirmou que a pasta "falsifica números, criando uma lógica que não condiz com a realidade". Ele cita o caso do Acampamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio (MG), onde vivem cerca de 2.000 pessoas desde o final dos anos 1990. Apesar de o presidente Lula ter visitado o local em março de 2025, assinando decretos de desapropriação, o MST alega que o processo segue estagnado, sem avanços concretos.


Foto: Avener Prado 16/04/16

Silvio Netto, outro dirigente do MST, reforça a crítica, apontando que o governo não tomou medidas judiciais para garantir a desapropriação das terras anunciadas. "O que foi prometido em Campo do Meio não saiu do papel. Isso é morosidade", diz. O movimento também contesta a meta do governo de assentar 30 mil famílias em 2025, sendo 15 mil já entregues, segundo o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Para o MST, esses números incluem regularizações de posse e não novos assentamentos, o que mascara a realidade.

O Ministério do Desenvolvimento Agrário rebate as acusações, afirmando que adota "transparência inédita" na divulgação dos dados. A pasta argumenta que as áreas anunciadas como entregues passaram por análises técnicas e receberam recursos para desapropriação, mesmo que ainda dependam de validação judicial. Sobre o risco de decisões contrárias da Justiça, o ministério reconhece que isso pode ocorrer, mas defende que "não contabilizar os avanços por causa desse risco paralisaria o processo". A pasta destaca ainda que a desestruturação das políticas de reforma agrária durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) deixou entraves que dificultam resultados mais rápidos.

O embate reflete a tensão crescente entre o MST e o governo Lula, que já foi aliado próximo do movimento. Em 2022, o MST apoiou ativamente a campanha do petista, mas, desde o início do mandato, as cobranças por resultados na reforma agrária têm aumentado. O movimento chegou a romper o diálogo com Paulo Teixeira, pedindo sua substituição, e planeja intensificar ações de pressão, incluindo mobilizações. "Não há setor do governo que possa reclamar de nossas ações. Estamos perdendo a paciência", alerta Netto.

O caso de Quilombo Campo Grande é emblemático. Após a falência da Usina Ariadnópolis, nos anos 1990, famílias do MST ocuparam a área, que enfrenta disputas judiciais há décadas. Apesar dos decretos assinados por Lula, a Procuradoria do Incra ainda elabora ações para garantir a desapropriação, o que o ministério considera um ritmo "rápido" em comparação com processos anteriores. Para o MST, porém, a demora é inaceitável.

Com metas ambiciosas — 60 mil novos assentamentos até o fim de 2026 —, o governo Lula tenta equilibrar as expectativas do movimento com os desafios legais e orçamentários. Enquanto isso, o MST sinaliza que não recuará nas cobranças, prometendo manter a pressão por uma reforma agrária mais efetiva.




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