Lulistas intensificam campanha nas redes com narrativa de ricos contra pobres
Congresso é alvo de críticas em vídeos de IA que defendem taxação de bilionários, bancos e bets

Em um movimento orquestrado pelo PT e apoiado pelo Palácio do Planalto, apoiadores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm dominado as redes sociais com uma narrativa que opõe ricos e pobres, colocando o Congresso Nacional como um dos principais alvos. A campanha, que ganhou força nas últimas semanas, utiliza vídeos produzidos por inteligência artificial para promover a chamada “taxação BBB” — bilionários, bancos e bets —, apontando esses grupos como aliados de um suposto lobby do centrão e da direita no Legislativo.
A estratégia, alinhada aos discursos de Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, busca reforçar a imagem de um governo comprometido com a justiça social, enfrentando interesses de elites econômicas e financeiras. Um exemplo é o vídeo viral “Boteco do Brasa”, que já ultrapassou 2 milhões de visualizações no Instagram. Nele, personagens engravatados consomem itens de luxo, como champanhe e caviar, mas tentam pagar menos na conta, enquanto pessoas comuns arcam com a maior parte. A mensagem sugere que Lula trabalha para equilibrar a carga tributária, enfrentando resistências de grupos poderosos.
A campanha ganhou ímpeto após a derrubada de um decreto que aumentava o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) para operações de câmbio e crédito, no final de junho. O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), anunciou a votação sem aviso prévio ao governo, o que intensificou as críticas ao Legislativo. Governistas, como o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), têm usado as redes para acusar o Congresso de proteger privilégios, convocando até protestos, como um marcado para o dia 10 de julho no Masp, em São Paulo, com o lema “centrão inimigo do povo”.
Dados da consultoria Bites mostram que, desde 25 de junho, deputados governistas publicaram 1.120 posts sobre o tema, gerando 2,3 milhões de interações em plataformas como X, Instagram e Facebook. Apesar do alcance, o debate parece não ter a mesma força em conversas do dia a dia, segundo Luis Fakhouri, colunista da Folha e diretor da Palver. Ele aponta que, por enquanto, a narrativa não reverbera nos grupos de mensagens, indicando um desafio para o governo em engajar o público além das redes abertas.
O PT, liderado por figuras como o deputado Jilmar Tatto (SP), secretário de Comunicação do partido, tem investido na produção de dois vídeos semanais para manter a campanha aquecida. A ordem de Lula é clara: destacar que o governo defende a taxação dos mais ricos para financiar programas sociais e reduzir impostos para os mais pobres, sem romper completamente com o Congresso. A estratégia busca conquistar a opinião pública, mesmo diante de uma relação fragilizada com o Legislativo, onde o governo enfrenta dificuldades para aprovar medidas.
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