Greve na Embraer paralisa produção em São José dos Campos
Metalúrgicos cobram reajuste e estabilidade em paralisação por tempo indeterminado

Os metalúrgicos da Embraer em São José dos Campos, no interior de São Paulo, iniciaram uma greve por tempo indeterminado, decidida em assembleia e confirmada pelo sindicato da categoria, filiado à CSP-Conlutas. A paralisação afeta a produção da empresa, uma das maiores exportadoras do Brasil, que emprega cerca de 12 mil trabalhadores na cidade, sendo 6 mil diretamente na linha de produção, agora 100% parada.
Reivindicações da categoria
Os trabalhadores exigem um reajuste salarial de 11%, um vale-alimentação de R$ 1.000 e a manutenção da estabilidade para lesionados por doenças ou acidentes ocupacionais. Segundo o sindicato, a proposta inicial da empresa ficou abaixo da inflação acumulada, de 5,05%, o que levou à rejeição e à decisão pela greve. Uma nova oferta da Embraer, apresentada após o início do movimento, também foi recusada pelos trabalhadores dos primeiro e segundo turnos.
Proposta patronal
A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), que representa o setor aeronáutico nas negociações da data-base de 2025, propôs um reajuste de 5,5%, ligeiramente acima da inflação, e um aumento de 12,5% no vale-alimentação, que passaria de R$ 400 para R$ 420, mas apenas para salários até R$ 11 mil. A estabilidade para lesionados, no entanto, segue como ponto de atrito: a Fiesp sugere reduzir o período de garantia no emprego para 21 meses em casos de doenças e 60 meses para acidentes, enquanto a convenção de 2017 assegurava estabilidade até a aposentadoria.
Impactos na produção
A paralisação pode atrasar entregas de aeronaves para o mercado interno e externo, comprometendo o cronograma da Embraer. O sindicato destaca que a empresa, apesar de registrar lucro de R$ 675 milhões no segundo trimestre de 2025 e contar com financiamentos bilionários do BNDES, insiste em cortar direitos, especialmente a estabilidade de trabalhadores lesionados.
Resposta da empresa
A Embraer afirmou que suas fábricas operam normalmente em outras unidades do Brasil e que respeita os direitos dos colaboradores. A companhia criticou a ação do sindicato, alegando que a paralisação visa limitar o direito de ir e vir, e destacou que as negociações com a Fiesp estão em andamento. A entidade patronal reforçou que segue dialogando com todos os sindicatos envolvidos no estado.
Embate por direitos
Para Herbert Claros, diretor do sindicato, a postura da Embraer é injustificável, especialmente contra trabalhadores que perderam a saúde na fábrica. A categoria promete manter a mobilização até que as reivindicações sejam atendidas, mantendo o foco na garantia de direitos e melhores condições salariais.
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