Para quem me conhece sabe o quanto curto viajar, ir em shows de metal e fazer amizades. Agora imagina isso tudo de uma vez só. Foi o que exatamente aconteceu. Em 1990 li em uma revista especilizada de rock uma matéria sobre o Wacken Open Air que tinha sido realizado na Alemanha na pequena cidade de Wacken, hoje considerado o maior festival de heavy metal do mundo. A cada ano o evento foi crescendo, e claro que na minha cabeça passava: um dia eu gostaria de ir nesse festival. Mas era uma época muito difícil, a situação financeira era o maior impedimento, porque a vontade era grande. Mas como nunca é tarde para realizarmos nossos sonhos, em 2024 eu tive o prazer de realizar o grande sonho. Partiu Wacken Open Air. Já conhecia o Makila de longa data, todo ano falava para ele que uma hora daria certo. Lá por agosto de 2023 enviei uma mensagem e perguntei como funcionava. Ele passou todas as informações e os tipos de pacotes que tinha. Comprei um pacote médio, com direito a hotel em Hamburgo, 4 dias de acampamento no festival, com café da manhã, barraca e o tão sonhado ingresso.

Fui pagando até perto do evento. Cada um poderia voar para a Alemanha o dia que quisesse para fazer seus rolês na Europa, mas tinha que chegar no hotel dia 28 de julho. Embarquei em Joinville dia 27 de julho, final do dia para Guarulhos. Embarquei às 23 horas do mesmo dia para Frankfurt. Cheguei na cidade sem saber para que lado iria, kkkkk. Sem falar inglês ou alemão, comecei minha saga. Peguei um trem no aeroporto sentido estação central, lá peguei um trem para Hamburgo. Falava com o pessoal do nosso grupo whatsapp que também estavam lá para obter informações e saber como chegar no hotel. Acabei chegando às 2 da manhã do dia 28. Achei o hotel e claro que tomei umas 3 cervejas para comemorar o grande feito de ter chegado, não sei como kkkk. Durante o dia 28 e 29 passeamos pela cidade e a noite já enturmado fomos para o famoso night light, o ponto de encontro da galera do metal que vai para o Wacken. Quase perdemos o último trem de retorno para o hotel, mas deu tudo certo. Dia 30 de manhã dois ônibus nos aguardavam na frente do hotel, fizemos a famosa foto oficial e partimos para Wacken. Já bem enturmado, chegamos no local, fizemos nosso check in e fomos conhecer o acampamento.

Como era um dia antes do festival, guardamos nossas mochilas na barraca e saímos para fazer um tour pelo local. Legal que alguns já tinham ido uma, duas, três vezes, então conhecemos todo o local. No dia 31 às 11h já tinha o primeiro show oficial. E para minha alegria peguei a baqueta do baterista do Inherited, banda dos países baixos que estava tocando com a camisa do brasil, o cara é fã do Sepultura. Dali em diante era um show atrás do outro por 4 dias. Dormiamos tarde e acordavamos cedo. Frio pra cacete a noite e calor pra k@raio de dia. Tinham minhas bandas já escolhidas para eu assistir, éramos avisados pelo aplicativo do Wacken sobre o show, horário e palco. É tudo muito organizado. Nesses intervalos de shows ficávamos no nosso QG do acampamento carregando celular e claro, se embriagando, kkkkk. Já tinha assistido alguns shows como Scorpions, em Florianópolis, Amon Amarth, Behemoth e Accept em Curitiba, e Uada em Montreal. Mas assistir esses shows novamente no Wacken tem uma emoção diferente. Mas também assisti muitas bandas que nunca imaginei que um dia iria ver ao vivo, como sweet e suzi quatro que foram bandas de minha infância, e foram shows incríveis. Também assisti Tankard, Testament, Etterna, Girlschool, The Warning, In Extremo, Dio Disciples com uma mensagem final da esposa do Ronnie James Dio, Mr Big, Kk´s Priest, Future Palace, Alcatrazz, Feurschwanz, Gene Simmons, Pain, Vreid, Exumer, Mayhem e Insomnium. Uma das paradas legais do Wacken é o crowd surf, quando a galera leva uma pessoa deitada surfando, de onde está até a frente do palco. Eu estava muito a fim de ir, mas o receio era grande.

Até que no show do Amon Amarth eu estava com meus parceiros inseparáveis durante o evento: Douglas de Campinas/SP e Hermann e Harley, não preciso nem dizer que esses dois figuras são catarinenses de Timbó/SC. O Hermann começou a falar: vai cara, vai, vai kkkkk. O Douglas pegou meu celular, carteira e a galera me levantou e lá fui eu. Sensação incrível, sonho realizado kkkkk. Passa mil coisas na cabeça naquela hora, o palco estava longe, a gente fica olhando a galera, a banda no palco e a certeza que vai dar tudo certo. E deu. Dias após o wacken fui procurar no youtube a música deceiver of gods do Amon Amarth, e para minha surpresa lá estava eu, sendo levado pela multidão, kkk, registrado e guardado para a eternidade.

Outro fato curioso é na hora do banho. Tem vários banheiros químicos pelo local, mas o banho é em um só lugar. Fila para o banheiro dos homens e das mulheres. Quando a gente entra, é um local todo aberto, cheio de chuveiros e todo mundo toma banho um do lado do outro. Mas você não tem noção, é muita gente. Ruim? Não, é divertido. A gente não vai morar lá, então é só aproveitar o momento e sorrir kkkk. No primeiro banho levei uma sacola com a roupa que iria usar depois, mais escova, pasta de dente, mas é ruim o lugar para deixar as coisas enquanto se toma banho. No último dia já estava destruído. Fui para o banho umas 22 horas só de chinelo, cueca e corta vento, kkkk. Levei só o sabonete e uma cueca no bolso, kkkk. Dentro do Wacken não existe dinheiro físico nem cartão. É tudo pago pela pulseira que a gente recebe na entrada. Tem uns caixas eletrônicos para a gente abastecer a pulseira ou aplicativo. É com ela que se compra tudo, comida, bebida, merchans, discos de vinil, souvenirs do evento. E tem mercado, farmácia, verdureira, barbearia, cabelereiro, e tudo se paga com a pulseira.

Como falei anteriormente, é tudo muito organizado. Podemos comprar cerveja no local do acampamento por 2.50 euros com 10 centavos de desconto quando devolve a lata vazia. Na parte onde acontece os shows não pode entrar com lata, só com os copos plásticos, que são uma recordação, tenho 5. Só que cerveja lá dentro custa uns 6 euros com o copo, e geralmente eu esquecia de levar o copo, mas como estamos no momento para curtir, não pensava duas vezes, bebi muito kkkk. O legal é que a gente pode sair do acampamento e comprar cerveja fora do wacken e trazer para tomar dentro do evento. Meus amigos de timbó compraram algumas, e se não me engano custa uns 80 centavos a lata.

Depois do evento, destruídos, cheio de calos nos pés e sensação de dever cumprido, voltamos para Hamburgo. No hotel tomei um banho de verdade depois de dias, raspei minha careca que tinha crescido um pouquinho de cabelo kkkk. E claro, mesmo cansado a galera colocando no grupo: partiu night light? Lá fomos nós novamente. Rimos muito, contamos histórias, trocamos instagram, bebemos muito e voltamos para o hotel.

Dia 5 de manhã tomamos aquele café no hotel com boa parte do pessoal, começamos a nos despedir, dá até um tristeza. Parece que o cara não quer que aquilo acabe kkkkk. Fui para a estação central de Hamburgo que fica a 400 metros do hotel. Meu amigo Douglas pegou um trem para o aeroporto para voltar e eu resolvi fazer outra aventura por mais 7 dias na europa, mas isso eu conto em outro momento. Para quem realmente curte metal, o Wacken é uma parada obrigatória nessa vida. Uma sensação incrível ter ido. Quando me encontrarem não me perguntem como foi, porque sou o mais empolgado de contar tudo, cada detalhe, então tenha tempo para me ouvir, kkkk. Tem vontade de ir para o Wacken? Quer assistir um pouco de tudo que gravei por lá? Assisti esse link e se divirta, não esqueça da cerveja bem gelada para acompanhar.

Valeu povo.

Assita o vídeo do Wacken Open Air

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