Ações do Banco do Brasil despencam com resultados fracos e alta na inadimplência
Lucro cai 20,7% no primeiro trimestre e suspensão de previsões para 2025 surpreende mercado

As ações do Banco do Brasil (BB) sofreram forte queda de 12,69% nesta sexta-feira (16), encerrando o pregão cotadas a R$ 25,67, após a divulgação de resultados do primeiro trimestre bem abaixo das expectativas do mercado. O lucro líquido ajustado do banco estatal alcançou R$ 7,37 bilhões, uma retração de 20,7% em relação ao mesmo período do ano anterior, contra uma projeção média de R$ 9,23 bilhões estimada por analistas, segundo dados da LSEG. O desempenho negativo, aliado à suspensão das projeções financeiras para 2025, pesou sobre os papéis do banco, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, caiu 0,11%, fechando a 139.187 pontos.
O fraco resultado foi atribuído, em grande parte, ao aumento da inadimplência na carteira de agronegócios, que atingiu 3,04% no primeiro trimestre, ante 2,45% no quarto trimestre de 2024 e 1,19% um ano antes. Além disso, novas regras contábeis impactaram o desempenho. A margem financeira bruta do BB recuou 7,2% na comparação anual, totalizando R$ 23,9 bilhões, com um aumento de 10,7% nas despesas esperadas e uma queda de 35,3% na recuperação de crédito.
Inadimplência além do agro
A deterioração na qualidade dos ativos não se limitou ao setor agropecuário. A inadimplência acima de 90 dias em pessoa física subiu para 5,10%, contra 4,66% no final de 2024 e 4,77% um ano antes. Já no segmento de pessoa jurídica, o índice alcançou 4,06%, ante 3,51% em dezembro e 3,19% no mesmo período do ano passado. Analistas do Bradesco BBI reduziram a recomendação das ações do BB para neutra, destacando que “as preocupações com a qualidade dos ativos aumentaram, com deterioração em todos os segmentos”.
Apesar do cenário desafiador, o vice-presidente de gestão financeira do BB, Geovanne Tobias, afirmou em teleconferência com analistas que os dados de abril mostram resiliência na inadimplência do agro. Ele destacou que medidas como judicialização, protesto e cobrança, combinadas com a expectativa de uma safra recorde que deve impulsionar a geração de renda no campo, podem ajudar a controlar a inadimplência no segundo semestre.
Reações do mercado
O balanço foi recebido com críticas no mercado. Analistas do BTG Pactual classificaram o resultado como “pior do que se temia” em relatório, embora tenham mantido a recomendação de compra para as ações, citando o preço atrativo dos papéis. Contudo, o banco alertou que as mudanças nas regras contábeis indicam que o BB não possui um retorno sobre o patrimônio (ROE) recorrente acima de 20%, o que pode limitar o otimismo dos investidores.
A combinação de resultados abaixo do esperado, aumento generalizado da inadimplência e incertezas regulatórias reforça a cautela no mercado em relação ao desempenho futuro do Banco do Brasil, que agora enfrenta o desafio de reverter a trajetória negativa em um cenário de maior risco no crédito.
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