Pequim recebe Lula e outros líderes para reforçar laços contra Trump
Pequim recebe líderes latino-americanos em meio a tensões comerciais

Pequim sedia hoje, segunda-feira, 12 de maio, um encontro com líderes latino-americanos, incluindo o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, como parte de um esforço para fortalecer os laços com a América Latina em meio ao aumento das tensões comerciais com os Estados Unidos. A visita precede a cúpula China-CELAC, marcada para amanhã, terça-feira, 13 de maio, e destaca o interesse da China em ampliar sua influência política e econômica na região.
Lula chegou à capital chinesa no sábado para uma visita de Estado de cinco dias. Desde o início de seu mandato em 2023, o presidente brasileiro tem buscado equilibrar as relações entre Pequim e Washington. A China é o maior parceiro comercial do Brasil, com exportações brasileiras ao país asiático superando US$ 94 bilhões (cerca de R$ 480 bilhões) em 2024, segundo dados da ONU. Soja e outras commodities dominam as exportações, enquanto a China fornece ao Brasil semicondutores, veículos, medicamentos e celulares.
Na manhã de hoje, o chanceler chinês, Wang Yi, reuniu-se com o ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodriguez Parrilla, em Pequim. O encontro prepara o terreno para a cúpula entre a China e a Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), que reúne 33 países. O evento é visto como uma resposta às tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e aos esforços de Washington para conter a influência chinesa na América Latina.
Dois terços dos países latino-americanos já aderiram à iniciativa "Uma Faixa, Uma Rota", que financia projetos de infraestrutura, como rodovias, portos e aeroportos, em nações em desenvolvimento. A China já ultrapassou os EUA como principal parceiro comercial de países como Brasil, Peru e Chile.
Além de Lula, a cúpula contará com líderes como o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, e o presidente do Chile, Gabriel Boric. Petro anunciou que a Colômbia assinará uma carta de intenções para integrar oficialmente a "Nova Rota da Seda".
O presidente chinês, Xi Jinping, discursará na abertura do fórum. Segundo o vice-ministro das Relações Exteriores da China, Miao Deyu, as relações com a América Latina são vistas com uma “perspectiva estratégica de longo prazo”. Em uma crítica indireta aos EUA, ele afirmou: “Os povos da América Latina e do Caribe querem construir seu próprio destino, sem serem o quintal de qualquer nação”.
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