A Netflix deu um passo ousado no mundo do entretenimento ao incorporar inteligência artificial (IA) generativa na produção de suas séries e filmes originais. A novidade foi revelada por Ted Sarandos, co-CEO da empresa, durante uma videoconferência com investidores, ao divulgar os resultados financeiros do segundo trimestre. Um exemplo marcante do uso dessa tecnologia foi visto na série argentina O Eternauta, onde uma cena de um prédio desabando em Buenos Aires foi criada com o auxílio de IA, alcançando resultados impressionantes em tempo recorde.

De acordo com Sarandos, a cena, que exigia efeitos visuais complexos, foi finalizada dez vezes mais rápido do que seria com métodos tradicionais. Além da agilidade, a IA permitiu reduzir significativamente os custos, tornando viáveis produções que, de outra forma, seriam limitadas por orçamentos mais modestos. “A IA é uma oportunidade incrível para ajudar criadores a fazerem filmes e séries melhores, não apenas mais baratos”, destacou Sarandos, enfatizando que a tecnologia complementa o trabalho humano, com “pessoas reais usando ferramentas melhores”.

A aplicação da IA não se restringe à produção de conteúdo. Greg Peters, também co-CEO da Netflix, revelou que a empresa já utiliza a tecnologia em áreas como recomendações personalizadas, buscas na plataforma e estratégias de publicidade. Essa abordagem tem se mostrado eficaz: no segundo trimestre de 2025, a Netflix registrou uma receita de US$ 11,08 bilhões, um aumento de 16% em relação ao mesmo período de 2024, e um lucro de US$ 3,13 bilhões. Cerca de um terço das mais de 95 bilhões de horas de conteúdo assistidas no primeiro semestre do ano foi de produções em idiomas além do inglês, mostrando a força global da plataforma.

Apesar dos benefícios, o uso de IA na indústria audiovisual gera debates. As greves de roteiristas e atores em Hollywood, em 2023, já levantavam preocupações sobre a possível substituição de profissionais por tecnologias como essa. Sarandos, no entanto, buscou tranquilizar o setor, afirmando que a IA é uma ferramenta para potencializar a criatividade, usada em etapas como pré-visualização, planejamento de cenas e efeitos visuais. “Nossos criadores estão entusiasmados com os resultados, e o público, ainda mais”, disse, citando a recepção positiva da cena de O Eternauta.

A Netflix também sinalizou que a IA será cada vez mais presente em suas operações. Além de efeitos visuais, a empresa planeja lançar anúncios interativos gerados por IA ainda em 2025, reforçando sua aposta em inovações que integrem tecnologia e criatividade. Com isso, a plataforma não apenas redefine a produção audiovisual, mas também abre novas possibilidades para o futuro do entretenimento.

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