Cirurgia Bariátrica: Novas regras reduzem idade mínima e ampliam acesso
Conselho Federal de Medicina atualiza critérios, permitindo procedimentos a partir dos 14 anos e para pacientes com IMC mais baixo

O Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou, em 20 de maio de 2025, a Resolução nº 2.429/25, que atualiza as regras para cirurgias bariátricas e metabólicas no Brasil. As mudanças ampliam o acesso ao procedimento, reduzindo a idade mínima para 14 anos em casos de obesidade grave e permitindo a cirurgia para pacientes com Índice de Massa Corporal (IMC) a partir de 30, desde que apresentem comorbidades específicas. As novas diretrizes buscam combater a epidemia de obesidade, que afeta 35% da população brasileira, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM).
Principais Mudanças
1. Redução da Idade Mínima
A partir de 14 anos: Adolescentes com IMC ≥ 40 e complicações graves, como diabetes tipo 2 ou apneia do sono, podem realizar a cirurgia, desde que avaliados por uma equipe multidisciplinar e com consentimento dos pais.
Entre 16 e 18 anos: Seguem os mesmos critérios dos adultos, sem exigências adicionais.
Justificativa: Estudos mostram que a cirurgia é segura e eficaz para adolescentes, prevenindo complicações futuras sem afetar o crescimento.
2. Ampliação do Critério de IMC
IMC 30-34,9: Pacientes com obesidade grau I agora são elegíveis, desde que tenham comorbidades como diabetes, doenças cardiovasculares ou apneia do sono grave.
IMC 35-39,9: Indicada para casos com comorbidades, sem mudanças significativas.
IMC ≥ 40: Indicada independentemente de comorbidades.
Justificativa: Evidências científicas comprovam a eficácia da cirurgia em IMCs mais baixos para controle de doenças metabólicas.
3. Fim de Restrições
Eliminadas exigências como limite máximo de idade, tempo mínimo de diagnóstico de comorbidades ou acompanhamento endocrinológico prévio.
4. Técnicas Cirúrgicas
Recomendadas: Bypass gástrico em Y de Roux e gastrectomia vertical (sleeve).
Alternativas: Técnicas como duodenal switch para casos revisionais.
Proibidas: Banda gástrica ajustável e cirurgia de Scopinaro, devido a complicações.
Endoscópicas: Balão intragástrico e gastroplastia endoscópica como opções complementares.
5. Exigências Hospitalares
Hospitais devem ter UTI, plantonistas 24 horas e infraestrutura adequada, especialmente para pacientes com IMC > 60.
Desafios no SUS
Apesar do avanço, o SUS realizou apenas 31 mil das 291 mil cirurgias bariátricas entre 2020 e 2024. Com poucos centros credenciados e filas longas, o acesso público é restrito, e quatro estados não oferecem o procedimento.
Conclusão
As novas regras do CFM representam um avanço significativo no tratamento da obesidade, permitindo intervenções mais precoces e acessíveis. No entanto, a implementação efetiva depende de melhorias no SUS e de um acompanhamento multidisciplinar contínuo para garantir resultados duradouros.
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