Influenza A supera Covid-19 em mortalidade entre idosos e preocupa autoridades antes do inverno
Fiocruz alerta para avanço da gripe com alta de internações por SRAG

O avanço dos casos de gripe no Brasil, impulsionado pelo vírus influenza A, tem elevado as internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (Srag) em crianças e idosos, acendendo um alerta nas autoridades de saúde. No Rio de Janeiro, a rede pública já sente a pressão antes mesmo do início do inverno, com aumento de hospitalizações e a abertura de novos leitos para atender a demanda.
De acordo com o Boletim InfoGripe da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira (15), o influenza A é a principal causa de mortalidade por Srag entre idosos, superando a Covid-19, e está entre as três maiores causas de óbitos por síndromes respiratórias graves em crianças. O Rio de Janeiro aparece como uma das regiões em nível de alerta, com tendência de crescimento nos casos a longo prazo.
Dados da Secretaria Estadual de Saúde revelam que o estado registrou 4.492 hospitalizações por Srag em 2025, levando à abertura de 85 novos leitos pediátricos para tratar bronquiolite, uma complicação comum em infecções virais infantis. Desses, 75 leitos foram ativados em fevereiro nos hospitais estaduais Ricardo Cruz, em Nova Iguaçu, e Dra. Zilda Arns, em Volta Redonda, com mais dez leitos abertos nesta semana no último.
As internações crescem mês a mês: 781 em janeiro, 822 em fevereiro, 1.030 em março, 1.572 em abril e 737 nas primeiras duas semanas de maio. O vírus sincicial respiratório (VSR) lidera os casos identificados, com 672 registros, seguido pelo rinovírus, com 468.
Na capital fluminense, que concentra 2.088 casos (quase metade do total estadual), 66% das internações por Srag ocorrem em crianças menores de 10 anos, um aumento significativo em relação a 2024, quando representavam 51%. “O Rio foi a primeira capital a liberar a vacinação contra gripe para todos acima de seis meses. Já vacinamos mais de um milhão de cariocas, com a maior adesão da história”, destacou o secretário municipal de Saúde, Daniel Soranz, em entrevista à Folha de S.Paulo. A cidade recebeu 1,8 milhão de doses da vacina.
Apesar do avanço na imunização, Soranz alerta para a gravidade da influenza. “É a doença que mais mata no panorama epidemiológico do Rio e do Brasil. O pico deve ocorrer nos próximos meses, e, sem vacinação, o impacto será maior”, afirmou. Ele reforça a importância de vacinar crianças e adultos, especialmente aqueles que convivem com bebês menores de seis meses, que ainda não podem ser imunizados.
Na capital, 33% dos casos de Srag são causados por viroses respiratórias como VSR e rinovírus, 10% por influenza e 3% por Covid-19. Entre crianças, 47% dos casos decorrem de viroses e 3% de gripe. “A Covid-19 está sob controle, com apenas dois internados na cidade. Nossa maior preocupação é com o VSR, a influenza e o rinovírus”, explicou Soranz, atribuindo o cenário controlado da Covid-19 à alta cobertura vacinal, com 98% da população imunizada com pelo menos duas doses.
A vacina contra a gripe está disponível para maiores de seis meses em 240 salas de vacinação e nos Super Centros Cariocas de Vacinação, em Botafogo e Campo Grande. A Fiocruz recomenda a imunização urgente para grupos vulneráveis, destacando que “a vacina é a principal forma de prevenir hospitalizações e mortes”, segundo a pesquisadora Tatiana Portella, do InfoGripe. A instituição também orienta o uso de máscaras em locais fechados, unidades de saúde e por pessoas com sintomas gripais.
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