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Joinville,20/07/2025

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Prof. João Réus Santos

Origem dos povos mesopotâmicos: Contexto dos conflitos no Oriente Médio

Uma história complexa de interações entre diversos povos

Origem dos povos mesopotâmicos: Contexto dos conflitos no Oriente Médio

Os conflitos no Oriente Médio, especialmente entre Israel e países árabes, são moldados por uma história complexa de interações entre diversos povos, marcada por questões religiosas, territoriais, culturais, políticas e econômicas. Na primeira parte desta série, exploramos a origem do povo judeu, cuja trajetória é central para entender a dinâmica da região. Nesta segunda edição, voltamos nosso olhar para os povos mesopotâmicos, que habitaram a região entre os rios Tigre e Eufrates, no atual Iraque e partes da Síria. Conhecer suas origens, culturas, religiões e legado é essencial para compreender as raízes históricas do Oriente Médio e sua influência nos conflitos atuais.

Parte II

A origem dos povos mesopotâmicos

Raízes históricas e diversidade

A Mesopotâmia, conhecida como o "berço da civilização", abrange a região entre os rios Tigre e Eufrates, onde surgiram algumas das primeiras sociedades complexas do mundo, por volta do quarto milênio a.C. Os povos mesopotâmicos não formavam um grupo homogêneo, mas uma mosaico de etnias, línguas e culturas, incluindo sumérios, acadianos, assírios e babilônios, todos de origem semita ou não semita, dependendo do grupo.

Estudos arqueológicos e genéticos indicam que os primeiros habitantes da Mesopotâmia eram povos indígenas da região, possivelmente relacionados às populações neolíticas do Crescente Fértil. Os sumérios, que não eram semitas, são considerados os fundadores das primeiras cidades-estados, como Uruk e Ur, por volta de 3500 a.C. A partir do terceiro milênio a.C., os acadianos, um povo semita, começaram a dominar a região, fundindo-se culturalmente com os sumérios. Mais tarde, assírios e babilônios, também semitas, estabeleceram impérios poderosos, deixando legados duradouros.

Culturas e contribuições

Os povos mesopotâmicos desenvolveram sociedades altamente organizadas, marcadas por inovações que moldaram a civilização ocidental. Os sumérios criaram a escrita cuneiforme, uma das primeiras formas de escrita conhecidas, usada para registrar leis, comércio e literatura, como a Epopeia de Gilgamesh. Eles também desenvolveram sistemas de irrigação, arquitetura monumental (como os zigurates) e avanços em matemática e astronomia.

Os acadianos, sob o rei Sargão (c. 2334–2279 a.C.), unificaram a Mesopotâmia em um dos primeiros impérios da história. Os babilônios, destacados pelo rei Hamurabi (c. 1792–1750 a.C.), deixaram o famoso Código de Hamurabi, um dos primeiros conjuntos de leis escritas. Os assírios, conhecidos por sua eficiência militar, construíram um império expansivo entre os séculos IX e VII a.C., com a capital Nínive como centro cultural e político.

Religiões e crenças

A religião mesopotâmica era politeísta, com deuses associados a forças da natureza e aspectos da vida social. Cada cidade-estado tinha seu deus patrono, como Marduk em Babilônia e Assur na Assíria. Os zigurates, templos em forma de pirâmides escalonadas, eram centros religiosos onde sacerdotes realizavam rituais para garantir a prosperidade e proteção divina. Mitos como o Enuma Elish, que narra a criação do mundo, refletem a cosmovisão mesopotâmica, influenciando tradições religiosas posteriores, incluindo elementos do judaísmo.

Os mesopotâmicos acreditavam que os deuses controlavam o destino humano, e práticas como adivinhação e sacrifícios eram comuns. Essa religiosidade contrastava com o monoteísmo emergente dos hebreus, criando tensões culturais em períodos de convivência, como durante o exílio babilônico dos judeus (586–539 a.C.).

Atualidade: Legado e extinção

Os povos mesopotâmicos, como sumérios, acadianos, assírios e babilônios, não existem mais como grupos étnicos distintos. Após a queda do Império Babilônico para os persas em 539 a.C. e a posterior conquista da região por gregos, romanos e, mais tarde, árabes muçulmanos, essas populações foram assimiladas por outras culturas. A chegada do Islã no século VII d.C. transformou a Mesopotâmia, hoje parte do Iraque e da Síria, em uma região predominantemente árabe e muçulmana.

No entanto, o legado mesopotâmico persiste. Os assírios modernos, uma minoria cristã no Iraque, Síria, Turquia e Irã, reivindicam descendência cultural dos antigos assírios. Eles falam dialetos do aramaico, língua que se tornou predominante na Mesopotâmia após o primeiro milênio a.C., e mantêm tradições cristãs, como a Igreja Assíria do Oriente. Apesar disso, conflitos recentes, como a guerra civil síria e a ascensão do Estado Islâmico, devastaram comunidades assírias, levando à emigração em massa.

Outros grupos, como os yazidis e os mandeus, também preservam traços culturais e religiosos que remontam à Mesopotâmia antiga, mas são minorias sob constante pressão em um Oriente Médio marcado por instabilidade. Geneticamente, populações modernas do Iraque e da Síria compartilham traços com os antigos mesopotâmicos, mas a identidade cultural distinta desses povos foi amplamente absorvida.

Conexão com os conflitos no Oriente Médio

A Mesopotâmia antiga, com sua diversidade étnica e religiosa, estabeleceu um precedente para a complexidade cultural do Oriente Médio moderno. A interação dos povos mesopotâmicos com os hebreus, especialmente durante o exílio babilônico, influenciou a formação do judaísmo e, indiretamente, os conflitos territoriais que culminaram na criação de Israel em 1948. Hoje, o Iraque e a Síria, herdeiros da Mesopotâmia, são palco de disputas envolvendo potências regionais e globais, com tensões que ecoam a luta por recursos, poder e identidade cultural.

A extinção dos povos mesopotâmicos como entidades distintas reflete a transformação constante da região, onde novas identidades, como a árabe e a islâmica, emergiram. Contudo, o legado cultural e científico desses povos continua a influenciar a civilização global, mesmo que suas vozes originais tenham se dissipado.

Próximos passos

Na próxima edição desta série, exploraremos a origem e a história dos povos árabes, cuja ascensão a partir do século VII d.C. moldou profundamente o Oriente Médio. Analisaremos como suas interações com o povo judeu e outros grupos contribuíram para os conflitos atuais. Fique atento para mais detalhes sobre as raízes de uma das regiões mais complexas do planeta.



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